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Como a modernidade lida com as doenças psiquiátricas?

Comportamentos sociais x Sintomas médicos

É comum ouvirmos que, no passado, não havia tantas doenças psiquiátricas como agora. Será uma impressão ou realmente há uma tendência moderna para desenvolver mais distúrbios mentais? Alguns especialistas defendem que essa enxurrada de doenças psiquiátricas modernas está, na verdade, relacionada a conceitos e ações deturpadas sobre as doenças mentais. Explicando melhor: a medicina não tem um conceito claro do que é “doença” e sempre que ela se aventura fora dos limites do organismo e entra no plano do comportamento social, ela sai dos seus conceitos teóricos. Assim, a descrição de um comportamento não é a mesma coisa que um sintoma médico habitual. O problema é que, na prática, são tratados da mesma forma.

Isso quer dizer que hoje há uma tendência de entender expressões emocionais como algo biológico e, tal qual, que deva ser tratado de forma medicamentosa. É a ideia de que qualquer desconforto psicológico, seja angústia ou tristeza, é biológico e deve ser corrigido biologicamente - o que faz com que se perca a reflexão sobre o real estado de espírito. No fim, o paciente deseja que sua depressão seja corrigida quimicamente, como um passe de mágica, sem que ele toque no assunto.

As frustrações psicológicas do mundo moderno

O mundo moderno está totalmente voltado para o prazer e para a gratificação - são itens vistos como um direito natural. Deste modo, a medicalização da condição psicológica é interpretada como uma pílula da felicidade. A sociedade moderna desaprendeu a sofrer, mas o sofrimento é inerente a vida humana e nem sempre medicável. Ou seja, algum nível de sofrimento precisa ser suportado e elaborado psicologicamente.

Diferente de épocas anteriores, hoje há um movimento que evita o risco e a exposição ao que não é aparentemente seguro. Na cultura moderna, há uma ideia de que a vida deve ser administrada com prudência e precisão. Mas a verdade é que não há nenhum controle sobre isso e, sem controle, a vida vira uma fonte inesgotável de angústias, infelicidade e inaceitação das coisas como elas são. As gerações mudam de aspirações e as mais modernas têm aspirações grandiosas, por vezes até irrealistas - isso também causa frustração.  

Soluções farmacológicas são apenas uma das soluções, mas não a única.

A banalização dos distúrbios psiquiátricos

A banalização dos transtornos mentais e dos desconfortos psicológicos está até no nosso linguajar. Especialistas chamam a atenção sobre como banalizamos os transtornos psicológicos no dia a dia: "Hoje estou um pouco deprimido", "o problema é que é bipolar". Nossa linguagem se alimenta de termos clínicos para definir situações cotidianas. E uma das consequências em banalizar esses termos é que acabamos sendo críticos contra os que realmente sofrem de transtornos mentais porque acreditamos que seja uma desculpa ou que é facilmente resolvido com remédios.

Fonte: Medical Site

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